
Há vários rios de luz correndo pela estrutura interna do Atman*.
São veias do divino transportando as ondas de Brahman**.
Quem poderá impedir seu trânsito sutil rumo às águas do oceano divino?
Que homem poderá seccionar as linhas sutis que o obrigam à consecução de sua ação portentosa?
Que arma poderá represar a luz divina nas fibras espirituais do Ser?
O Atman é puro brilho! Não nasce nem morre. É indivisível, indestrutível, eterno. É luz imperecível!
Aliás, alguém, em qualquer tempo, já enterrou ou cremou um Ser de luz?
Que cemitério ou crematório poderá conter os restos mortais daquele que é imortal?
Algum repositório poderá conter o Atman, pura essência de Brahman?
Os rios sutis estão cheios de lótus brilhantes…
Quem navegará com a devida doçura por suas águas?
Quem jogará as redes do Amor para pescar o peixe do Samadhi?***
Atman, Um de Brahman!
Navegue com sabedoria. Navegue com amor. Navegue…
Pois os rios de sua própria essência sutil o conduzirão ao oceano da grande realização.
Os invólucros**** densos nascem, crescem e morrem…
O que tem o Atman com isso?
Essência sutil, é o que permanece. É o real!
Nunca ganha ou perde, apenas é!
Medite: “Inclino-me perante a Brahman, Essência Sutil de minha essência, Eterna Fonte de Amor. Que seja feita a sua vontade!”
– Um Sábio que ama vocês –
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges.)
– Nota de Wagner Borges:
O mestre espiritual que me passou esses escritos é um dos rishis (sábios) que inspirou a compilação dos ensinamentos espirituais contidos nos Upanishads. Ele não quer nenhuma ostensividade em relação à sua pessoa, pois, segundo ele, o que importa é a qualidade da informação em si, e não o mensageiro que a leva. Ele é um dos mentores anônimos que muito ajuda à humanidade em seu silêncio operante e perene.
Guardei este texto dele por anos, por considerá-lo complexo demais para uma leitura em aberto, sem dar a devida interpretação baseada nos Upanishads. Contudo, lendo-o hoje, senti vontade de postá-lo assim mesmo. Independente da linguagem e do conteúdo hinduísta das expressões, penso que fica claro para o leitor a ideia da imortalidade do espírito, a noção de que o espírito é divino, é Deus manifestado nos planos fenomênicos.
O ensinamento oriundo dos Upanishads é:
“O Atman é Brahman, Brahman é o Atman! Tudo é Um!”
Fica evidente no texto desse sábio aquela mesma inspiração que deu vida aos Upanishads, nas orlas das florestas da antiga Índia, onde os rishis ensinavam as verdades do espírito. Suas luzes sutis também permeiam esses escritos de agora, pois a fonte é a mesma.
Peço ao leitor atento, que releia o texto agora, com outros olhos, de coração aberto, para respirar o sopro vital do Eterno inserido nessas palavras de sabedoria… Para beber dessa fonte invisível que mana sabedoria em forma de letras, mas, que, em verdade, sacia a sede do espírito com as águas da divina percepção.
Que do país silencioso dos rishis, nas alturas etéreas da Bem-Aventurança (Ananda), possa fluir ao leitor consciente às emanações serenas daqueles que velam secretamente pelos destinos da humanidade. Que, de espírito a espírito, além das palavras e dos condicionamentos, haja compreensão silenciosa.
Om Brahman!
– Notas:
* Atman – do sânscrito – o espírito; o ser imperecível; a centelha vital do divino; a essência espiritual.
** Brahman – do sânscrito – O Supremo; O Grande Arquiteto Do Universo; Deus; O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência, além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-Lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele/Ela é Pai-Mãe de todos.
*** Samadhi – do sânscrito – expansão da consciência; estado de consciência cósmica.
**** Invólucros – corpos; envoltórios (em sânscrito, “koshas”).__._,_.___
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