As lâmpadas ardem em todas as casas, ó cego, mas tu não vês.
Um dia, teus olhos se abrirão, e te livrarás dos terrores da morte.
Não há nada a temer, não há nada a dizer, não há nada a fazer.
Pois se morres, permanecendo vivo, jamais morrerás outra vez.
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Porque reside em solidão, o asceta diz que sua casa é distante.
Teu Senhor está perto de ti, porém escalas palmeiras para vê-lo.
O sacerdote brâmane vai de casa em casa e instrui o povo na fé.
A fonte da vida está ao lado, e ele te ensina a adorar uma pedra.
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Kabir diz: Nunca poderei expressar quão doce é meu Senhor.
Virtude ou vício, ioga ou lassidão não são nada para ele.
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*Kabir, grande mestre e poeta indiano do século XV, discorreu, em linguagem acessível, sobre o amor místico e a comunhão com o divino. Kabir não se definia como hindu, muçulmano ou sufi. Ele desprezava credos, denominações e ascetismos, levando a filosofia oriental a um novo rumo.
Fonte: Kabir, Cem Poemas, selecionados por Rabindranath Tagore. José Tadeu Arantes, Ed. Attar, 2 ed., 2019.