A sabedoria de Kabir [18]

A região intermediária do céu,

Onde a alma imaginativa habita,

Brilha com a sonoridade da luz,

Soa com a luminosidade do som.

.

Nesse istmo, flui a música,

Perfumada como jasmim,

Pura e vítrea como cristal.

Lá, meu Senhor se deleita.

.

O luminoso esplendor

De cada fio de seus cabelos

Eclipsa o fulgor diamantino

De miríades de luas e sóis.

.

Nessa praia, há uma cidade,

Banhada por chuva de néctar,

Que se derrama tão mansa –

Seu derramar nunca cessa.

.

Kabir diz: Vem, ó Dharmadas**!

Vê o palácio do grande senhor!

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*Kabir, grande mestre e poeta indiano do século XV, discorreu, em linguagem acessível, sobre o amor místico e a comunhão com o divino. Kabir não se definia como hindu, muçulmano ou sufi. Ele desprezava credos, denominações e ascetismos, levando a filosofia oriental a um novo rumo.

FonteKabir, Cem Poemas, selecionados por Rabindranath Tagore. José Tadeu Arantes, Ed. Attar, 2 ed., 2019.

**Servo da Espiritualidade.