A região intermediária do céu,
Onde a alma imaginativa habita,
Brilha com a sonoridade da luz,
Soa com a luminosidade do som.
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Nesse istmo, flui a música,
Perfumada como jasmim,
Pura e vítrea como cristal.
Lá, meu Senhor se deleita.
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O luminoso esplendor
De cada fio de seus cabelos
Eclipsa o fulgor diamantino
De miríades de luas e sóis.
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Nessa praia, há uma cidade,
Banhada por chuva de néctar,
Que se derrama tão mansa –
Seu derramar nunca cessa.
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Kabir diz: Vem, ó Dharmadas**!
Vê o palácio do grande senhor!
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*Kabir, grande mestre e poeta indiano do século XV, discorreu, em linguagem acessível, sobre o amor místico e a comunhão com o divino. Kabir não se definia como hindu, muçulmano ou sufi. Ele desprezava credos, denominações e ascetismos, levando a filosofia oriental a um novo rumo.
Fonte: Kabir, Cem Poemas, selecionados por Rabindranath Tagore. José Tadeu Arantes, Ed. Attar, 2 ed., 2019.
**Servo da Espiritualidade.