‘Ó Senhor incriado, quem irá te servir?
Cada devoto presta culto ao deus de sua criação;
Ninguém se ocupa do supremo Brahman, o autossuficiente.
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Esses e aqueles reverenciam os dez avatares.
Mas, se no avatar o Senhor se reveste com o manto da relatividade,
Ainda assim, Ele subsiste como Uno, em sua absoluta nudez.
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Os crentes de todas as crenças disputam uns com os outros.
Kabir diz: Ó irmãos, guardai vossas palavras cortantes, silenciai!
Aquele que imergiu na pura luz do amor, este sim se salvou.”
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*Kabir, grande mestre e poeta indiano do século XV, discorreu, em linguagem acessível, sobre o amor místico e a comunhão com o divino. Kabir não se definia como hindu, muçulmano ou sufi. Ele desprezava credos, denominações e ascetismos, levando a filosofia oriental a um novo rumo.
Fonte: Kabir, Cem Poemas, selecionados por Rabindranath Tagore. José Tadeu Arantes, Ed. Attar, 2 ed., 2019.