‘Ó minha alma, para onde pretendes navegar,
Se não há viajante a seguir, não há roteiro?
Que oceano singrarás, em que cais aportarás,
Se não há mar, não há barco, não há barqueiro?
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Senão há lugar, se não há hora, se não há meios,
Como acharás a água capaz de encher tua ânfora?
Sê forte e volta-te para o interior de ti mesma:
Aí encontrarás chão firme, aí deitarás tua âncora.
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Kabir diz: Põe toda imaginação de lado,
E permanece impassível naquilo que és.
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*Kabir, grande mestre e poeta indiano do século XV, discorreu, em linguagem acessível, sobre o amor místico e a comunhão com o divino. Kabir não se definia como hindu, muçulmano ou sufi. Ele desprezava credos, denominações e ascetismos, levando a filosofia oriental a um novo rumo.
Fonte: Kabir, Cem Poemas, selecionados por Rabindranath Tagore. José Tadeu Arantes, Ed. Attar, 2 ed., 2019.